Evandro D. - SP

Posted 09:33 by Born Brazil in Marcadores:
Oi, meu nome é Evandro, tenho 23 anos e moro em SP desde sempre.

Não tenho a mínima idéia de quando essa foto foi tirada. Ao meu lado está minha prima que é minha melhor amiga e que ao lado da minha madre é das poucas pessoas no mundo que me entendem de verdade.

Ao contrário da maioria, nunca sofri nenhum tipo de preconceito na escola. Nunca fui chamado de bicha, nunca me bateram e nem roubaram meu lanche, até porque eu era da turma que fazia isso com os outros. #shameonme

Comecei a sentir atração por meninos na mesma época que acho que todo mundo começa. Com 12, 13 anos que é quando a gente desperta pro lado sexual da vida. Lembro de ter ficado muito confuso e de ter rezado dias e dias pedindo pra Deus tirar aqueles pensamentos impuros de mim. Óbvio que não resolveu, pelo contrário, como boa biscate desde sempre, eu adorava aula de educação física, não por causa dos jogos, obviamente, mas pela parte do vestiário onde eu via todos os meus amigos pelados e ficava lá só manjando rola. Estudei a vida toda num colégio muito tradicional de SP, MEGA católico e vocês sabem que nesses lugares as pessoas são muito loucas. No colegial tive minha primeira experiência “sexual” com um menino, apesar de já ter transado com menina na famigerada viagem de 8ª série. Foi com um colega de classe que até hoje é meu amigo, apesar de nunca tocarmos no assunto.

Os anos passaram e eu fui ficando cada vez mais a vontade com o lance de ser gay. Até que um belo eu dia me apaixonei. Tinha acabado de completar 18 anos e me envolvi com uma pessoa muito mais velha que eu. Ele tinha 30 anos, era casado com MULHER e morava em BH. O envolvimento foi muito forte, eu ia pra BH todo mês e passava um final de semana de muito amor e sexo (um beijo, Fernanda Lima)!

Obviamente essa história não acabou bem. Meus pais, principalmente meu pai, já estava muito desconfiado de mim e fez uma coisa pavorosa que até hoje eu custo acreditar. Ele invadiu meu computador e habilitou meu MSN para gravar o histórico. Um belo dia cheguei em casa e ele estava com milhares de folhas impressas com todas as minhas conversas de MSN e pediu pra eu contar tudo logo de uma vez. Me lembro de não ter conseguido falar nada, meu pai estava descontrolado e me agrediu MUITO. Não tive coragem de fazer nada e vivi nesse caos por quase seis meses. Eu era constantemente agredido, meu pai me proibiu de freqüentar qualquer reunião familiar, não me deixava nem sentar a mesa junto com ele. Minha mãe nessa época trabalhava muito e não sabia direito o que estava acontecendo e eu por medo e até por achar que merecia, nunca falei nada. Mas como mãe é mãe, ela sentiu que alguma coisa estava errada e deu um ultimato pro meu pai: ou ele parava de me agredir fisicamente e emocionalmente ou ela sairia de casa junto comigo e com minha irmã. Depois de alguns dias meu pai veio conversar comigo, chorando, se ajoelhou aos meus pés, literalmente, e pediu perdão. Claro que eu perdoei, afinal era o meu pai, e tirando esse episódio a nossa relação sempre foi a melhor do mundo. Logo depois disso fui morar na Espanha, fiquei 1 ano e foi aí que eu me encontrei. Vivi intensamente tudo o que eu nunca tinha vivido no Brasil, nunca me escondi de ninguém e fiz grandes amigos.

Na volta ao Brasil tinha decidido que minha vida iria mudar. Eu não me fantasiaria mais de hétero e só faria coisas que eu me sentisse bem.

Nunca mais ninguém em casa tocou no assunto. Meus pais e minha irmã são meus amigos, me respeitam, mas ainda não aceitam muito bem. Direito deles. Às vezes sinto falta de chegar em casa e contar pra alguém que estou apaixonado, ou que fulano de tal nunca ligou, mas acredito que isso um dia ainda vai acontecer.

Antes de terminar eu preciso registrar uma coisa que é/foi/sempre será fundamental na minha vida e eu creio que na vida de todos, principalmente das guei: os amigos. Eu devo ter sido uma pessoa muito do bem na outra encarnação ou então Deus estava namorando quando colocou meus amigos na minha vida. Não preciso citar nomes aqui porque eles sabem quem são, mas sou muito grato e devo minha sanidade mental a eles. Amo vocês!

Bom, é isso. Depois de tudo o que eu passei até hoje, posso dizer que valeu a pena. Sou feliz assim e toca Katy Perry!

Crush famoso: o Rodrigo Pavanello do dominó, por que a gente é cafona desde criança.


E aqui fica o twitter do Evandro!

11 comment(s) to... “Evandro D. - SP”

11 comentários:

Ti disse...

Evan, to chorando litros no meio da tarde.



Unknown disse...

Ficou maravilhoso... ahazzou! (L)
Biscates tbm choram!



Thalyta disse...

Evan, vc me fez chorar aqui depois de ver Dexter.
Amo vc, querido!
Beijo enoorme!
Tha



Unknown disse...

SEU LINDO.
Admiro tanto.
Beijo.
=*



Unknown disse...

já pode amar mais um pouquinho?



Ju disse...

Jemt, adorei seu depô!
Abraça aqui porque eu tb er sem noção e era da turma dos que faziam bullying.



Unknown disse...

Lindo hein... EU VOU FÁCIL!

#aloka



Unknown disse...

meu deus, me liga! muito gato ;O



Jéssi disse...

Adorei gato! Só penso uma coisa, discordo quando vc diz que é um direito dos seus pais não te aceitarem, é a mesma coisa que dizer que uma pessoa pode não aceitar um negro, não aceitar um índio, não aceitar qualquer outra minoria. É um dever de todos aceitar a diversidade, afinal ser diferente nesse sentido não representa nenhuma ameaça para sociedade, pelo contrário toda forma de amor deve ser bem vinda em uma sociedade que ainda vive em guerra!



Roger disse...

amei sua história!!! toodos nós nascemos por um motivo! mostrar ao mundo q ser diferente eh super normal



Daniel Kafer disse...

adorei...sou gay de 12 anos e naun tenho oq diser pra vc, bom...vc só assumiu meu tarde neh veio!!



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