“É menino tão educado. Certeza que foi criado pela avó!”. Era o que eu ouvia sempre que me comportava de modo diferente dos outros meninos. E eu realmente fui criado pela avó. Meu pai abandonou minha mãe quando ela estava grávida e ela me levou de Teresópolis ainda bebê para a cidade de Barbacena, onde cresci e passei grande parte da minha adolescência. Sempre convivi com meus primos, tinha um modelo masculino na família, meu avô, mas algo me fazia ser diferente. Não gostava de jogar bola, tinha horror a brincadeiras onde tinha de me sujar, exceto quando passava lama nas pernas e fingia estar de botas de cano longo que nem as da She-ra! Quando ninguém estava vendo, brincava de boneca e às vezes era surpreendido: “Isso não é brinquedo de menino!”, diziam. Chegu

ei a levar uns tapas por isso quando cortei o cabelo das bonecas da minha tia!

Na escola, enquanto os meninos jogavam bola, eu brincava de “passa o anel” e “ciranda

cirandinha”. Sabia dançar todas as músicas da Xuxa e fazia isso com certo orgulho quando tinha festa de fim de ano. Era o queridinho para as professoras e a bichinha para os outros pais, que não gostavam muito de ver os seus filhos brincando comigo. Mas pra mim, nunca houve nada errado. Eu estava no lugar certo.

Na adolescência, não achava estranho gostar de olhar pros meninos na aula de educaçã

o física. Já tinha experiência com isso por convencer meus primos e primas a me beijarem na boca escondido. O problema que eu tinha era com o rótulo. Não gostava de ser chamado de viadinho, de mocinha, mariquinha ou até mesmo Charlinho. Foi nessa época que me recolhi e criei certa timidez pra não ter que lidar com certas coisas e isso foi até os meus 15 anos, quando mudei de escola e comecei a ser eu mesmo. Daí, passei de bichinha a popular. Meninos e meninas queriam estar comigo. Era o mais divertido, o que sabia dançar, cantar e contar piadas.

Em casa era diferente. Os homens da casa sabiam que algo estava “errado” e começaram a me isolar.

Inclusive os primos a quem havia ens

inado a beijar na boca. Comecei a ter problemas com os tios, que me cobravam namoradas e “atitudes de homem”. A cobrança foi ficando mais forte até que umas coisas ruins aconteceram e vim parar em São Paulo. A princípio eu relutei. Não queria ter que começar tudo de novo. Mas aos poucos eu vi que aqui era diferente e que havia muito mais pessoas iguais a mim. Achei aqui a minha casa, não precisava mais me conter. Longe dos que não me compreendiam, podia ser eu mesmo sem culpa ou sem vergonha. Assim conquistei meu mundo, meus amigos e tem sido assim até hoje. Onde chego sou eu mesmo, sem disfarçar, sem endireitar o andar. Seja no trabalho, seja em qualquer lugar, sou amado e respeitado assim, abraçando e aceitando quem eu sou!


Primeiro Crush por pessoa famosa: o Buddha, o loirinho do ace of base!

Twitter: @Charlie_Liu

Meu nome é Pedro Henrique Vaz de Alcantara, mas meus amigos me chamam de Pê. Eu nasci em 26 de Agosto de 1987 (23 anos, atualmente), numa cidade do interior de SC, chamada São Bento do Sul. Hoje eu moro em Balneário Camboriu, também em SC. Atualmente eu estou cursando a faculdade de Psicologia. Eu sempre me senti diferente, desde que me entendo por gente. No início, essa diferença não era algo que me atrapalhava. Eu era pequeno, brincava com meus amigos e amigas normalmente. Um fato curioso é que eu tinha uma prima, que morava em outra cidade. Mas era comum eu passar algum tempo das minhas férias na casa dela e, naquela época, eu adorava brincar com as bonecas dela. Eu devia ter uns 6 ou 7 anos nesse tempo. Quando cresci um pouco mais, as diferenças começaram a ficar mais refinadas. Eu me percebi com um lado sensível muito grande. Eu puxei essa qualidade (sim, qualidade) da minha mãe, que ficou muito feliz ao perceber que tinhamos isso em comum. Enquanto os garotos da minha idade pensavam em jogar bola, praticar esportes e namorar, eu me preocupava em ler, conhecer mais sobre música e, principalmente teatro. Claro que eu não era muito popular, e como eu morava numa cidade do interior de SC, acabei não tendo muitos amigos por ser diferente do padrão que a sociedade esperava de mim. Eu me lembro de ter chorado várias noites por me sentir sozinho. Apesar disso, não mudei. Continuei fiel a mim mesmo. Alguns anos depois, fui morar em Curitiba, PR. Lá, comecei novas amizades de verdade. Descobri uma paixão por cultura pop (filmes, música, teatro, fotografia, etc...) e comecei a ler muito sobre o assunto. Foi nessa época, quando eu estava com uns 15 anos, que eu me percebi gay. Digo "percebi" por que eu acho que sempre fui, mas nunca havia parado para pensar no assunto. Mas eu estava tão bem cercado de amigos que nunca tive problema em aceitar esse detalhe da minha vida. E foi incrível. Depois de ter passado por tudo o que eu passei, ter sofrido bullying na minha antiga escola, finalmente eu me sentia querido e amado por ser quem eu era e por ter nascido assim.

Eu detesto a expressão "sair do armário". Me dá a impressão de ser algo tão espalhafatoso. Mas enfim, eu saí do armário quando tinha 18 anos. Claro que já faziam alguns anos que eu sabia que era gay, mas foi nesse ano que me senti seguro para contar aos meus pais. Muitos amigos meus já sabiam, até por que eles também eram gays. Minhas irmãs acabaram descobrindo esse fato um ano antes, por causa de uma carta, mas sempre me deram total
apoio. A parte difícil foi contar aos meus pais. E eu fiz da maneira mais simples possível. Chamei eles, um dia a noite, e falei "Mãe, pai, eu sou gay". Resultado: minha mãe saiu dirigindo pela cidade que nem louca e meu pai foi parar no hospital por falta de ar e taquicardia. Apesar daquela ter sido a pior noite da minha vida até hoje, não me arrependo nem por um segundo. Meus pais tem uma qualidade que eu admiro demais. Eles têm seus preconceitos, como qualquer pessoa normal. Mas o que eles não conhecem, eles vão atrás para conhecer, em vez de se fecharem para o assunto. Os primeiro meses foram complicados. Meus pais ainda não entendiam que não era uma opção minha ser gay. Me acusaram de contar para eles só para destruir a vida. Até hoje me lembro de uma analogia que minha mãe usou naquela época: eu demoli a casa de sonhos que eles haviam montado para mim. Mas os meses foram passando, a gente voltou a conversar e se entender e aos poucos, nós três construimos uma nova casa de sonhos para mim, baseado nas novas ideias que eles tinham. E hoje conseguimos discutir esse assunto muito bem. Creio que eles tenham superado muitos preconceitos por minha causa e eu fico muito feliz com isso. A prova maior é que meus pais conseguem contar para os amigos DELES que eles tem um filho que é gay e que eles gostam muito. Já tive dois relacionamentos sérios. Um deles foi pouco depois de eu ter contado para meus pais, eu tinha 18 anos. Eu realmente gostei do garoto, foi meu primeiro amor. O segundo foi quando eu já morava em Balneario Camboriu e tinha 22 anos. Na verdade, até hoje eu e ele vamos e voltamos rs. Hoje tenho 23 anos, me considero assumido e, graças ao rumo que eu escolhi para a minha vida, não tenho problemas em ser quem eu sou. Eu confesso que não me lembro bem dos desenhos que eu assistia quando era beeeem pequeno. Mas um momento marcando foi quando eu tinha uns 13 ou 14 anos. Naquela época passava um desenho japonês chamado Sakura Card Captor no Cartoon Network. E eu AMAVA esse desenho. E me lembro também que eu adorava o parzinho romantico da personagem principal. O nome dele era Shoran Lee, e eu tinha uma paixaozinha platonica por ele. =D

Twitter: @virguss


Deixa eu contar uma historinha pra explicar a foto velha: Eu nasci em Brasilia e morei no Goiás até os oito anos de idade. Meus pais e todo o resto da família são do Piauí, onde eu moro atualmente. Essa foto fui numa viagem pra cá em 1997 e eu tinha 4 aninhos *-*.

Me chamo Abraão Vasconcelos, moro atualmente em Parnaíba - PI e nasci em 1993. Sou técnico em informática e futuro estudante de Moda ;P (cadê coerência?). Na foto antiga eu tô me sentido muito gayzinho, rs, e vocês podem ver que eu nasci assim. Desde que me lembro eu via o masculino com um pouco mais de desejo.

Lembro que uma vez eu convidei um amiguinho da rua pra brincar na minha casa, lá no Goiás, e eu senti algo diferente por ele. Talvez tenha sido minha primeira paixão. Depois disso, eu sempre queria que ele fosse pra lá.

Nunca gostei de brincadeiras femininas, mas também nunca fui fã de futebol e carrinhos. Eu brincava com meus bonecos. Inventava histórias, situações, filmes e meus bonecos protagonizavam tudo.

Eu sempre fui muito confuso com relação à minha sexualidade. Sempre tive dúvidas do que eu realmente era.

Meu primeiro 'beijo' gay aconteceu ainda na infância, quando o irmão da esposa do meu primo me beijou. Não foi nada sério, talvez nem tenha tido língua. Mas aquilo me deixou traumatizado, pois sempre que ia dormir, eu me imaginava no inferno.

Depois que me mudei pro Piauí, eu e meu vizinho tínhamos algumas brincadeiras que me ajudaram a entender melhor que eu era gay. Nós nos acariciávamos e eu me perguntava se era realmente aquilo que eu queria pra minha vida.

Eu fiquei e namorei muitas meninas durante a pré adolescência, mas nunca conseguia ser um bom namorado e nem durava nos rolos.

Em 2007 eu fiz uma escolha que mudou minha vida: entrei pra Igreja Mórmon. A escolha foi minha e, por quase 3 anos eu fiquei firme. Não via pornografia, evitava me masturbar e vivia recitando na minha mente: "eu não posso ser gay, eu não posso ser gay, eu não posso ser gay..."

Até que no ano passado eu percebi que eu NASCI ASSIM! Deixei a igreja, deixei a namorada e comecei a ficar de verdade com meninos.

Meus pais descobriram que eu sou gay no final do ano passado, de uma forma nada agradável. Eu mantenho um diário, e eles leram. Foi horrível! Minha mãe me disse coisas que doem até hoje e que eu nunca esquecerei. Meu pai tentou suicidar e até hoje não fala comigo, mesmo morando juntos.

Hoje, aos 17 anos, eu sei quem sou, embora o fato de eu acreditar muito nos ensinamentos da Igreja me faz sentir mal às vezes.

Minha mãe finge que nada aconteceu. Não mudou a relação comigo, mas não toca nunca no assunto (que ela acha que é uma fase). Meu irmão de 10 anos também não fala nada, mas fica meio constrangido quando toco no assunto. O meu apoio está nos meus amigos reais e virtuais, que têm me ajudado bastante!

Talvez um dia eu seja um gay de mente livre, sem estar preso a nenhum dogma, mas enquanto isso, eu vou vivendo do jeito certo, porque eu nasci desse jeito!

Primeiro Crush com famoso: O Vladimir Brichta (corrijam se tiver errado) numa revista da minha tia em que ele aparecia só de jeans. Até hoje tenho queda por homens de jeans *-*

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Bahia, 1988

A razão da minha existência se deu pela enorme vontade dos meus pais de terem uma filhA que fizesse casal com o já nascido filho primogênito, e, sob esse desejo feminino, acabei sendo trazido para o mundo no dia nacional da mulher (sim, existe isso), 30 de abril, em 1986, na cidade onde não se nasce, se estreia: Salvador. Achando pouco todo o clima rosa, eles me deram o nome de Tiago – o nome típico de 07 em cada 10 gays.

A filhA desejada pela família foi providenciada logo um ano depois do meu nascimento, já que eu não atendi a expectativa de todos (pelo menos não biologicamente, porque ironicamente minha irmã sempre foi o mais macho de nós). Passei a ser então o típico invisível filho do meio. Essa foto foi (a única) tirada no meu aniversário de 2 anos, pelo meu pai, que em sua devoção por minha irmã tirou nessa mesma festa (a minha) treze fotos dela.

Eu era tão invisível que nem FALAVA. As primeiras palavras que disse foram aos três anos, graças à escola, depois de uma jornada em que me levaram a médicos acreditando que eu era mudo, e terem feito muitas simpatias e mandingas para eu soltar o verbo; inclusive me dando água de chocalho e colocando um pinto (a ave!!) na minha boca. #significa

Minha sexualidade foi um mistério durante muito tempo para mim. Claro que, como todo bom garoto dos anos 80, eu sonhava em ser o Shun em Cavaleiros do Zodíaco, o Kurama em Yuyu Hakusho, o Leiga em Shurato, e o clássico dos clássicos: o Billy dos Power Rangers (hoje declaradamente gay). Isso pra não citar Sailor Moon (eu era a Sailor Mercury, a sabida-nerd); É o Tchan/Gera Samba (sabia todas as coreografias) e Chiquititas (Samuca, me liga, eu sei que nossa história não é brincadeira). Eu, no entanto, não percebia isso como indício do que viria, pois eu, taurino que sou, sempre fui muito lento para os lances do amor.

Somada a minha lentidão, ocorreu comigo durante dez anos da minha vida, um abuso sexual; o qual só tive noção da dimensão da perversão e crueldade praticada (quando se é criança, você não acha que amigos de seus pais são capazes de lhe fazer mal) aos 15 anos, estudando sistema reprodutor na escola. Quando descobri o que meu tio fazia comigo, fiquei com tanto nojo e vergonha de mim, que passei a rejeitar tudo que fosse feminino, e passei a definhar e sumir e a me silenciar.

Me aceitar, depois de ter passado por isso, foi muito complicado. Todo mundo acha, inclusive minha família achou quando saí do armário pra eles, que você se torna gay por causa do abuso, ou seja, que você “gostou” de terem invadido seu corpo e lesado sua inocência (–Q!) . Mas graças a Deus, psicólogos existem e você aprende que para encontrar a paz, você precisa aprender a perdoar. E, quando em paz, nem bullying te abala.

Namorei garotas e as amei, mas foi só aos 19 anos que amando um garoto (um viva à Internet!), com o qual tive a mais linda história de amor entre dois homens, que me senti completo. Tive direito a tudo, desde tristezas a alegrias: ser apresentado à família, ser rejeitado pelo sogro, expulso de casa, dançar a dois em festa, ganhar flores no dia dos namorados, ser o beneficiário no seguro de vida, beijar em restaurante, noites de amor que viravam dias e tardes (taurino, não esqueçam), viagens juntos e claro, o clássico fim: traição (não da minha parte, por favor, taurino, memorizem).

Hoje, aos 24 anos (idade simbólica e eterna de todos nós) vivo uma vida tranquila, desde que fiz as pazes comigo. Sair do armário não é fácil, mas é preciso – é uma descoberta, e um encontro. Luto pela causa da maneira que me é possível, participando, inclusive, de um grupo anti-homofobia em Sergipe (o @mexamSE) para que histórias ainda mais felizes que as minhas sejam contadas, e o mundo se torne um lugar em que viver não seja sobreviver, e o amor sobressaia diante do medo.

Minha família finalmente alcançou a harmonia e é maravilhosa, tenho mais amigos heteros do que gays, que assim como meus irmãos apoiam a causa. Só ainda não consegui amar de novo, nem ser amado, mas meu facebook tai abaixo para isso, né? #sejoga

Ah, a coisa mais importante nas mudanças que o tempo me trouxe: aprendi a nunca mais silenciar a minha voz. Hoje, falo pelos cotovelos (a magia que um pinto na boca faz), e não me calo perante as injustiças.


p.s.: Já ia esquecendo, a primeira paixãozinha de infância, né… fiquei aqui pensando se era o Trunks (Dragon Ball Z) ou o Tarzan (Disney), mas com certeza foi o Caio Blat, em “um Anjo caiu do Céu”. Na época eu não conhecia todo o “potencial” de ator dele, mas já gostava muito. E depois de ter assistido a “Cama de Gato” e ter visto do que aquele corpo magrelo dele é capaz, eu passei a amá-lo ainda mais.



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twitter: @sxchiijin

Oi, meu nome é Evandro, tenho 23 anos e moro em SP desde sempre.

Não tenho a mínima idéia de quando essa foto foi tirada. Ao meu lado está minha prima que é minha melhor amiga e que ao lado da minha madre é das poucas pessoas no mundo que me entendem de verdade.

Ao contrário da maioria, nunca sofri nenhum tipo de preconceito na escola. Nunca fui chamado de bicha, nunca me bateram e nem roubaram meu lanche, até porque eu era da turma que fazia isso com os outros. #shameonme

Comecei a sentir atração por meninos na mesma época que acho que todo mundo começa. Com 12, 13 anos que é quando a gente desperta pro lado sexual da vida. Lembro de ter ficado muito confuso e de ter rezado dias e dias pedindo pra Deus tirar aqueles pensamentos impuros de mim. Óbvio que não resolveu, pelo contrário, como boa biscate desde sempre, eu adorava aula de educação física, não por causa dos jogos, obviamente, mas pela parte do vestiário onde eu via todos os meus amigos pelados e ficava lá só manjando rola. Estudei a vida toda num colégio muito tradicional de SP, MEGA católico e vocês sabem que nesses lugares as pessoas são muito loucas. No colegial tive minha primeira experiência “sexual” com um menino, apesar de já ter transado com menina na famigerada viagem de 8ª série. Foi com um colega de classe que até hoje é meu amigo, apesar de nunca tocarmos no assunto.

Os anos passaram e eu fui ficando cada vez mais a vontade com o lance de ser gay. Até que um belo eu dia me apaixonei. Tinha acabado de completar 18 anos e me envolvi com uma pessoa muito mais velha que eu. Ele tinha 30 anos, era casado com MULHER e morava em BH. O envolvimento foi muito forte, eu ia pra BH todo mês e passava um final de semana de muito amor e sexo (um beijo, Fernanda Lima)!

Obviamente essa história não acabou bem. Meus pais, principalmente meu pai, já estava muito desconfiado de mim e fez uma coisa pavorosa que até hoje eu custo acreditar. Ele invadiu meu computador e habilitou meu MSN para gravar o histórico. Um belo dia cheguei em casa e ele estava com milhares de folhas impressas com todas as minhas conversas de MSN e pediu pra eu contar tudo logo de uma vez. Me lembro de não ter conseguido falar nada, meu pai estava descontrolado e me agrediu MUITO. Não tive coragem de fazer nada e vivi nesse caos por quase seis meses. Eu era constantemente agredido, meu pai me proibiu de freqüentar qualquer reunião familiar, não me deixava nem sentar a mesa junto com ele. Minha mãe nessa época trabalhava muito e não sabia direito o que estava acontecendo e eu por medo e até por achar que merecia, nunca falei nada. Mas como mãe é mãe, ela sentiu que alguma coisa estava errada e deu um ultimato pro meu pai: ou ele parava de me agredir fisicamente e emocionalmente ou ela sairia de casa junto comigo e com minha irmã. Depois de alguns dias meu pai veio conversar comigo, chorando, se ajoelhou aos meus pés, literalmente, e pediu perdão. Claro que eu perdoei, afinal era o meu pai, e tirando esse episódio a nossa relação sempre foi a melhor do mundo. Logo depois disso fui morar na Espanha, fiquei 1 ano e foi aí que eu me encontrei. Vivi intensamente tudo o que eu nunca tinha vivido no Brasil, nunca me escondi de ninguém e fiz grandes amigos.

Na volta ao Brasil tinha decidido que minha vida iria mudar. Eu não me fantasiaria mais de hétero e só faria coisas que eu me sentisse bem.

Nunca mais ninguém em casa tocou no assunto. Meus pais e minha irmã são meus amigos, me respeitam, mas ainda não aceitam muito bem. Direito deles. Às vezes sinto falta de chegar em casa e contar pra alguém que estou apaixonado, ou que fulano de tal nunca ligou, mas acredito que isso um dia ainda vai acontecer.

Antes de terminar eu preciso registrar uma coisa que é/foi/sempre será fundamental na minha vida e eu creio que na vida de todos, principalmente das guei: os amigos. Eu devo ter sido uma pessoa muito do bem na outra encarnação ou então Deus estava namorando quando colocou meus amigos na minha vida. Não preciso citar nomes aqui porque eles sabem quem são, mas sou muito grato e devo minha sanidade mental a eles. Amo vocês!

Bom, é isso. Depois de tudo o que eu passei até hoje, posso dizer que valeu a pena. Sou feliz assim e toca Katy Perry!

Crush famoso: o Rodrigo Pavanello do dominó, por que a gente é cafona desde criança.


E aqui fica o twitter do Evandro!

Teresópolis, 1993


Quando eu nasci, fazia muito tempo que não havia uma criança na família, o que fez com que eu fosse criada como uma 'princesa'.
Enquanto eu ia crescendo algumas coisas em mim me incomodavam, pois eu sempre preferia jogar futebol, soltar pipa, brincar de carrinho. Bonecas me cansavam, arrancava os braços de todas, cortava os cabelos e eu não entendia porque eu era menina se ser menino era bem mais divertido. E apesar de eu gostar dos meninos eu também gostava das meninas, de uma forma que eu sabia que não 'podia' gostar.
Fui crescendo e isso não foi mudando, o que me angustiava muito. Eu queria definir logo o que eu era, se eu gostava só de homem, só de mulher ou os dois.
Com 16 anos surgiu uma oportunidade de ficar com uma menina pela primeira vez, eu fiquei e gostei. O que me deixou mais confusa ainda.
Aos 18 eu percebi que eu só estava tentando fugir da verdade. Eu gostava tanto de menino quanto de menina, e a partir do momento que eu consegui assumir pra mim, ficou mais fácil de assumir pras pessoas. Sem medo, sem vergonha.

Minhas paixões de infância: Johnny Depp em Edward Mãos de Tesoura e Christina Aguilera

E o twitter da Ada é este aqui.

EIKE uó. Estou horrível nessa foto, mas quando criança eu detestava tirar fotos, então há poucas. Escolhi essa por que sempre que alguém a vê diz que estou parecendo uma menina e como faço a linha bissinha...rs. Eu devia ter uns 10 anos, no máximo, quando tirei essa foto, pouco antes de sair pra escola.

Tenho saudades desse cabelo. Como eram lindos e lisos, adorava ficar penteando-os (hahaha). Notaram o jeitinho todo lady de sentar? Até hoje sento com as pernas fechadinhas e tortinhas para a esquerda.

Desde muito cedo eu sabia que não era como os outros meninos. Sou o filho mais velho e único homem. Venho de uma família de gente do interior e de pouco estudo (sou o primeiro a cursar uma faculdade) e essa combinação, quase sempre, costuma ser sinônimo de mente mais obtusa. Minha avó, com quem moro desde que saí da maternidade, é mais machista que muito homem, logo, é de se esperar que meu pai também o seja.

Nunca gostei de “coisas de menino”. Carros, futebol, correr, HQ’s. Nada disso nunca me interessou. Com 23 anos, nunca joguei futebol na vida. Sou pintosa desde criança e meu pai sempre combateu isso. Dizia pra eu procurar jeito de homem, parar de frescura. Sempre me interessei por coisas típicas de meninas. Brincava de casinha e bonecas com minhas irmãs e na infância pensei até em ser estilista. Desenhava lindos vestidos pras bonecas delas. Adorava ler revistas femininas e sempre fui muito vaidoso, preocupado com cabelo e unhas.

Tenho três primos quase da mesma idade que eu. Sempre nos demos muito bem. Até brincávamos de coisas de menino com eles. Adorávamos recriar as batalhas de desenhos como Os Cavaleiros do Zodíaco. Mas das nossas brincadeiras, gostava muito mais daquelas que rolavam na hora do banho (hehehe).

Como sempre fui franzino, era alvo de chacotas em todas as escolas que estudei. Foram três. Já no primeiro grau menor os outros garotos da turma me chamavam de mariquinha e no ginásio era Jocka Piroca. Como nunca fui de brigar era defendido pelos meus primos quando alguém me provocava ou tentava me bater. Talvez por causa de tudo isso sempre fui muito tímido. Sempre fui o CDF da escola e usava isso como moeda de troca. Quem me provocasse, fizesse piadinhas e afins não recebia cola nos dias de prova.

Cheguei a me apaixonar por uma garota com quem estudei da 5ª a 8ª série. Até me declarei pra ela, mas nunca tivemos nada e hoje, olhando pra trás, acho que ela é lésbica (hahaha). Apesar de sempre olhar diferente pros garotos, me imaginei casado com mulheres, cheguei a ficar com algumas meninas e até transei com três delas. Cheguei a me apaixonar por outra garota na universidade com quem não rolou nada até por que eu nunca cheguei nela.

O primeiro garoto por que me apaixonei foi um amigo da escola. Ficamos algumas vezes, mas nunca chegamos aos finalmentes, infelizmente, pois ele é lindo (rs). Mas demorei algum tempo até sair do armário. Só aos 20 anos chutei as portas do armário. O processo todo foi muito difícil. Minha família não entende. Fingem que sou HT e minha mãe diz ter vergonha de mim. Apesar disso, me assumir foi a melhor coisa que fiz. Sou totalmente seguro da minha sexualidade.



Crush por famoso: MADONNA. Sim, Madonna. Lembro de, aos 8,9 anos, ter visto um vídeo de um show da loira onde ela e algumas dançarinas sensualizam em uma cadeira e aquilo me deixou louco. Na época não entendi, mas hoje não tenho a menor dúvida: foi uma ereção. Nunca me senti atraído por nenhum homem famoso. Nem mesmo pelo George Cloney.rs



Twitter: @jockdean

Meu facebook.

Blog: liquidificadordigital

Minha mãe diz que cortou meu cabelo desse jeito porque eu não deixava ela me pentear. Eu também não dava a mínima pra roupa, diferente da minha irmã.

Eu detestava boneca, achava um porre. Mas eu adorava quando meu avô me dava aqueles carrinhos Matchbox, cuidava deles com todo amor do mundo.

Só que pra mim isso nunca quis dizer nada. Até porque com uns 9 anos eu me apaixonei por um menino da minha sala e depois dele por outros, então nem passava pela minha cabeça que eu podia ser gay.

Isso até eu mudar de escola, no 3º colegial, e nutrir um amor platônico absurdo pela minha amiga, que era lésbica mas namorava, e que nunca deu em nada. Eu continuei ficando com homens, achei que tivesse sido aquela menina e só, mas depois de um tempo conheci outra menina, amiga de uma amiga minha, deu vontade e eu acabei ficando com ela. Daí em diante as coisas começaram a fazer mais sentido.

Eu não tive dificuldade nenhuma em assumir pra mim mesma, mas contar pros outros foi difícil. Eu achava, que iam me tratar diferente, mas logo eu descobri que o clichê era real: se as pessoas mudam com você por causa do que você é, elas nunca foram suas amigas pra começo de história. E no fim das contas, não mudaram. Vale o mesmo pra família. A gente não tem o hábito de falar sobre relacionamentos em casa, sejam eles gays ou heteros, mas minha mãe lê meu blog, meu twitter, fuça tudo mesmo (provavelmente vai ler isso aqui, então oi mãe =D), e leva numa boa, dá risada - até porque eu sou a primeira a fazer piada com os estereótipos que volta e meia eu incorporo (no link do youtube tem uns vídeos que eu fiz, "Sapatão da Depressão", que são exatamente isso), mas que não representam tudo que eu sou. E acho que é justamente por saber disso, saber que a minha sexualidade não determina quem eu sou, só de quem eu vou gostar, que é tudo tranquilo.

Primeiro crush famoso eu não lembro, mas acho que foi a Drew Barrymore

http://twitter.com/tate_shuffle

http://www.facebook.com/tate.montenegro

http://www.youtube.com/eutenhoproblemas Tatiana Hoje em dia.


A foto foi tirada nos jardins da minha avó Nazareth, em 1991, pela minha Tia Marta.


Tia Marta esteve presente tanto na minha infância, quanto na minha adolescência, e boa parte das minhas fotos antigas foram tiradas por ela. Inclusive, os óculos que estou usando na foto também eram dela.

Durante os primeiros anos de escola eu "namorava" algumas garotas: escolhia uma ou outra e imaginava que era minha namorada, como muitas crianças fazem. Aos poucos fui percebendo que elas não me interessavam e não despertavam nenhum desejo em mim, e que eu só gostava de estar próximo delas para poder conversar, brincar e dividir segredos. Acho que realmente entendi que era gay com uns 7 ou 8 anos.
Nas aulas de Educação Física, os meninos jogavam futebol e as meninas jogavam queimada, e eu tinha o costume de pedir à professora para jogar queimada com as meninas. Na hora do recreio sempre estava rodeado pelas meninas, nunca me dei bem com os meninos e até hoje não consigo manter amizade com nenhum cara hetero. Não me sinto à vontade para isso.

Na pré-adolescência eu curtia andar nas pontas do pés, interpretando cenas de novela ou desfilando. Quando estava sozinho em casa brincava de me maquiar e calçava os sapatos da minha mãe e, depois que minha irmã nasceu, pegava as bonecas dela para brincar. Também adorava dançar as coreografias das Spice Girls com minhas primas.

Minha mãe sempre soube da minha orientação sexual, mas preferia fazer vista grossa. Algumas pessoas da família comentavam que eu poderia ter distúrbios hormonais e aconselhavam ela a me levar a médicos, psicológos, etc. Até hoje minha mãe acredita que a homossexualidade é definida por um fator genético ou alguma "má influência". Ela não entende que eu simplesmente nasci assim.
Saí do armário duas vezes, uma aos 15 anos (que meus pais preferiram esquecer) e outra aos 21 quando comecei a namorar pela primeira vez. Foi de sopetão, porque todos ficaram sabendo através de um primo que me viu com meu namorado e contou para outras pessoas, até chegar aos ouvidos dos meus pais. Depois de um período turbulento as coisas se acalmaram e a maioria dos familiares nem toca mais no assunto.

Minha primeira paixão platônica chegou meio tarde, e foi por um participante do BBB: o Daniel Saullo da sexta edição. Chorei feito criança quando ele foi eliminado. (¬¬)

TWITTER DO PEDRO: @whatPedrowants






Pedro hoje em dia.