“É menino tão educado. Certeza que foi criado pela avó!”. Era o que eu ouvia sempre que me comportava de modo diferente dos outros meninos. E eu realmente fui criado pela avó. Meu pai abandonou minha mãe quando ela estava grávida e ela me levou de Teresópolis ainda bebê para a cidade de Barbacena, onde cresci e passei grande parte da minha adolescência. Sempre convivi com meus primos, tinha um modelo masculino na família, meu avô, mas algo me fazia ser diferente. Não gostava de jogar bola, tinha horror a brincadeiras onde tinha de me sujar, exceto quando passava lama nas pernas e fingia estar de botas de cano longo que nem as da She-ra! Quando ninguém estava vendo, brincava de boneca e às vezes era surpreendido: “Isso não é brinquedo de menino!”, diziam. Chegu
ei a levar uns tapas por isso quando cortei o cabelo das bonecas da minha tia!
Na escola, enquanto os meninos jogavam bola, eu brincava de “passa o anel” e “ciranda
cirandinha”. Sabia dançar todas as músicas da Xuxa e fazia isso com certo orgulho quando tinha festa de fim de ano. Era o queridinho para as professoras e a bichinha para os outros pais, que não gostavam muito de ver os seus filhos brincando comigo. Mas pra mim, nunca houve nada errado. Eu estava no lugar certo.
Na adolescência, não achava estranho gostar de olhar pros meninos na aula de educaçã
o física. Já tinha experiência com isso por convencer meus primos e primas a me beijarem na boca escondido. O problema que eu tinha era com o rótulo. Não gostava de ser chamado de viadinho, de mocinha, mariquinha ou até mesmo Charlinho. Foi nessa época que me recolhi e criei certa timidez pra não ter que lidar com certas coisas e isso foi até os meus 15 anos, quando mudei de escola e comecei a ser eu mesmo. Daí, passei de bichinha a popular. Meninos e meninas queriam estar comigo. Era o mais divertido, o que sabia dançar, cantar e contar piadas.
Em casa era diferente. Os homens da casa sabiam que algo estava “errado” e começaram a me isolar.
Inclusive os primos a quem havia ens
inado a beijar na boca. Comecei a ter problemas com os tios, que me cobravam namoradas e “atitudes de homem”. A cobrança foi ficando mais forte até que umas coisas ruins aconteceram e vim parar em São Paulo. A princípio eu relutei. Não queria ter que começar tudo de novo. Mas aos poucos eu vi que aqui era diferente e que havia muito mais pessoas iguais a mim. Achei aqui a minha casa, não precisava mais me conter. Longe dos que não me compreendiam, podia ser eu mesmo sem culpa ou sem vergonha. Assim conquistei meu mundo, meus amigos e tem sido assim até hoje. Onde chego sou eu mesmo, sem disfarçar, sem endireitar o andar. Seja no trabalho, seja em qualquer lugar, sou amado e respeitado assim, abraçando e aceitando quem eu sou!
Primeiro Crush por pessoa famosa: o Buddha, o loirinho do ace of base!
Twitter: @Charlie_Liu
10 comentários:
Vc é uma pessoa maravilhosa mesmo! Que bom que se mudou pra Sampa!
Forte abraço,
AB.
Pra mim, vc pode ser He/She/It.. Whatever!! Eu adoro VOCE, do seu "jeitão" e sinto muita saudade, viu? Beijos em seu coracao!!
Parabéns por ser quem é, Charlie!
Quem dera que ao menos um décimo da população mundial tivesse sua visão de mundo, sua capacidade de superação e principalmente seu amor próprio.
Beijos.
Adorei a história,Charlie! Como sempre te digo, suas histórias são ótimas. Você é especial demais!!!abraço.
Viajei no tempo com as fotos, Charles!
Parabéns pela sua postura.
Beijo.
Que arraso, meu amigo Charlie Liu! Já fiz até música pra ele! Orgulho! <3
e é por essas e outras q depois de passar por merdas na infância, a gente brilha agora, lindo. bjo!
OLÁ depois de ver uma matéria sobre a criação de um blog contra o preconceito vim procurar na net e achei esse site de vcs ,abaixo postarei uma mensagem que deixei no portal SBT,o Bullying nas escolas nada mais é um fator discriminatório, preconceituoso,onde crianças diferentes são tratadas com descaso, desrespeito e exclusão ,assim como os negros e homossexuais,sou mãe de um menino hj com 14 anos mas na época tinha 06.SEGUE
Me desculpem ,mas não consegui localizar um contato direto com a produção para encaminhar meus relatos.Bem 2003 meu filho de 06 sofreu BULLYING em uma escola ,era chamado de lerdo,burro ,chorão e cagão,procurei a professora e a diretora,a unica coisa que me disseram foi que criança mente,fantasia histórias só para ficar em casa,mas ele tinha seis anos e estava em fase de adaptação escolar,como ele chorava muito ,resistia para não ir a escola,e continuava dizendo que a professora apenas dizia a ele que ficaria sem merenda,sem ir fazer as atividades física para copiar o dever na sala da direção sozinho ele começou a passar mal,ter febre ,vomito, diarréia,foi daí que resolvi gravar a aula ,resumindo são 8 anos de sofrimento ,mudei de cidade para ver se ele se adaptava em outra escola,paguei sem ter condições uma escola particular,porque todos diziam que o problema era meu filho e eu,fui acusada de ter uma relação de simbiose que deveria ser estuda,onde meu filho poderia desenvolver problemas sexuais no futuro,foi um choque para familia ,pois meu pai é um militar da reserva,minha mãe trabalhou na extinta secretária do menor,cheguei a ser presa porque não encaminhei mais meu filho a escola,e minha sorte que gravei a audiência se não estaria na cadeia e meu filho sem pai e sem mãe,a justiça e todos os órgão que se dizem defender os ECA nada fizeram,e meu filho até hoje desde 2008 não teve resposta do meu pedido de vaga na escola que minha advogada fez ao promotor da comarca de Jundiaí/SP, resumindo sou testemunha que os maiores culpados desta chacina de fato fora a omissão de muita gente ,a diferença entre o caso do rapaz Wellington é que ele ficou sem chão ,sem um apoio familiar,do sistema e pior excluído pela sociedade e humilhado.Peço as vcs que se de fato fazem um jornalismo imparcial e estão de fato preocupado com o futuro de nossas crianças de digo mais de tentar pelo menos amenizar as violências e as injustiças,procurem ouvir pessoas que tiveram seus filhos vitimas de BULLYING e vejam o que isso causa não só as vitimas mas a toda familia,pois a maioria da imprensa so sabem viver nas custas das mazelas e desgraças humanas se esquecem que podem ter seus filhos ou entes queridos vitimas desse mesmo sistema falido.As pessoas tem que aprender a respeitarem as diferenças, o modo de vida de cada um,o modo de se vestirem,as diferenças sociais,a aparência física,a cor de pele,a sexualidade de cada um,pois so assim poderemos construir um mundo mais justo e igualitário sem termos que seguir estereótipos de inclusão social .Pois nossa justiça não funciona e é lenta e muitos acabam não tendo preparo psicológico para suportar tamanhas injustiças!DESDE JÁ AGRADEÇO ,SE PUDEREM PASSE PARA O JORNALISMO DO NASCIMENTO E DA CINTIA.VAMOS A LUTA E A UNIÃO FARÁ A FORÇA CHEGA DE DEMOCRATURA E DE IMPOSIÇÕES DE ESTEREÓTIPOS
Muito bacana sua história de vida. E saber que eu era como você. . .Adorava as brincadeiras de menina, adorava as roupas de mulher. . .Sabia dançar e cantar todas as músicas da Xuxa. . .O meu problema foi ter me isolado demais na adolescência a ponto de entrar em depressão e só me descobrir me assumir aos 25 anos. . . Hoje sou feliz, não tenho uma vida perfeita, mas estou seguindo em frente do jeito que sou.
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