Meu nome é Pedro Henrique Vaz de Alcantara, mas meus amigos me chamam de Pê. Eu nasci em 26 de Agosto de 1987 (23 anos, atualmente), numa cidade do interior de SC, chamada São Bento do Sul. Hoje eu moro em Balneário Camboriu, também em SC. Atualmente eu estou cursando a faculdade de Psicologia. Eu sempre me senti diferente, desde que me entendo por gente. No início, essa diferença não era algo que me atrapalhava. Eu era pequeno, brincava com meus amigos e amigas normalmente. Um fato curioso é que eu tinha uma prima, que morava em outra cidade. Mas era comum eu passar algum tempo das minhas férias na casa dela e, naquela época, eu adorava brincar com as bonecas dela. Eu devia ter uns 6 ou 7 anos nesse tempo. Quando cresci um pouco mais, as diferenças começaram a ficar mais refinadas. Eu me percebi com um lado sensível muito grande. Eu puxei essa qualidade (sim, qualidade) da minha mãe, que ficou muito feliz ao perceber que tinhamos isso em comum. Enquanto os garotos da minha idade pensavam em jogar bola, praticar esportes e namorar, eu me preocupava em ler, conhecer mais sobre música e, principalmente teatro. Claro que eu não era muito popular, e como eu morava numa cidade do interior de SC, acabei não tendo muitos amigos por ser diferente do padrão que a sociedade esperava de mim. Eu me lembro de ter chorado várias noites por me sentir sozinho. Apesar disso, não mudei. Continuei fiel a mim mesmo. Alguns anos depois, fui morar em Curitiba, PR. Lá, comecei novas amizades de verdade. Descobri uma paixão por cultura pop (filmes, música, teatro, fotografia, etc...) e comecei a ler muito sobre o assunto. Foi nessa época, quando eu estava com uns 15 anos, que eu me percebi gay. Digo "percebi" por que eu acho que sempre fui, mas nunca havia parado para pensar no assunto. Mas eu estava tão bem cercado de amigos que nunca tive problema em aceitar esse detalhe da minha vida. E foi incrível. Depois de ter passado por tudo o que eu passei, ter sofrido bullying na minha antiga escola, finalmente eu me sentia querido e amado por ser quem eu era e por ter nascido assim.
Eu detesto a expressão "sair do armário". Me dá a impressão de ser algo tão espalhafatoso. Mas enfim, eu saí do armário quando tinha 18 anos. Claro que já faziam alguns anos que eu sabia que era gay, mas foi nesse ano que me senti seguro para contar aos meus pais. Muitos amigos meus já sabiam, até por que eles também eram gays. Minhas irmãs acabaram descobrindo esse fato um ano antes, por causa de uma carta, mas sempre me deram total
apoio. A parte difícil foi contar aos meus pais. E eu fiz da maneira mais simples possível. Chamei eles, um dia a noite, e falei "Mãe, pai, eu sou gay". Resultado: minha mãe saiu dirigindo pela cidade que nem louca e meu pai foi parar no hospital por falta de ar e taquicardia. Apesar daquela ter sido a pior noite da minha vida até hoje, não me arrependo nem por um segundo. Meus pais tem uma qualidade que eu admiro demais. Eles têm seus preconceitos, como qualquer pessoa normal. Mas o que eles não conhecem, eles vão atrás para conhecer, em vez de se fecharem para o assunto. Os primeiro meses foram complicados. Meus pais ainda não entendiam que não era uma opção minha ser gay. Me acusaram de contar para eles só para destruir a vida. Até hoje me lembro de uma analogia que minha mãe usou naquela época: eu demoli a casa de sonhos que eles haviam montado para mim. Mas os meses foram passando, a gente voltou a conversar e se entender e aos poucos, nós três construimos uma nova casa de sonhos para mim, baseado nas novas ideias que eles tinham. E hoje conseguimos discutir esse assunto muito bem. Creio que eles tenham superado muitos preconceitos por minha causa e eu fico muito feliz com isso. A prova maior é que meus pais conseguem contar para os amigos DELES que eles tem um filho que é gay e que eles gostam muito. Já tive dois relacionamentos sérios. Um deles foi pouco depois de eu ter contado para meus pais, eu tinha 18 anos. Eu realmente gostei do garoto, foi meu primeiro amor. O segundo foi quando eu já morava em Balneario Camboriu e tinha 22 anos. Na verdade, até hoje eu e ele vamos e voltamos rs. Hoje tenho 23 anos, me considero assumido e, graças ao rumo que eu escolhi para a minha vida, não tenho problemas em ser quem eu sou. Eu confesso que não me lembro bem dos desenhos que eu assistia quando era beeeem pequeno. Mas um momento marcando foi quando eu tinha uns 13 ou 14 anos. Naquela época passava um desenho japonês chamado Sakura Card Captor no Cartoon Network. E eu AMAVA esse desenho. E me lembro também que eu adorava o parzinho romantico da personagem principal. O nome dele era Shoran Lee, e eu tinha uma paixaozinha platonica por ele. =D
Twitter: @virguss
Meu site: http://www.delirioedeleite.com
0 comment(s) to... “Pedro Alcantara - SC”
0 comentários:
Postar um comentário