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Não sei exatamente quantos anos eu tinha nessa foto, mas não eram mais de dois. Essa vaquinha ao meu lado é a Gertrudes, minha companheira nos primeiros anos de vida.
Eu sempre soube que havia algo de diferente comigo, mas tentava negar que houvesse e eu acreditava que minha negação me levaria a algum lugar. Levei muito bullying na escola e no colégio até que eu descobri que falar sacanagem e mexer com as meninas me defenderia disso. E deu certo!
Lá pelos 12, 13 anos comecei a sentir desejos por homens. Eu tinha fantasias com homens e prestei várias "homenagens" a eles. Mas quando acabava sentia uma certa culpa, mas pensava que era só uma fase, que eu iria conhecer uma menina boa, me casaria, teria filhos e viveria uma vida "normal". E assim foi durante muito tempo.
Aos 18 anos tive minha primeira experiência com homens. Até então nunca tinha feito sexo com ninguém, pois eu era muito travado e isso piorava ainda mais minha falta de jeito (uma das minhas características mais marcantes). Obviamente, as mulheres não se interessavam por mim. Ter beijado um homem me deu uma sensação de liberdade muito grande e também me deu muita coragem por fazer algo que desafiava as normas sociais existentes (coisa de adolescente que pensa que vai mudar o mundo). Com a internet pude ter outras experiências, mas a coisa era restrita ao sexo. Ainda pensava que encontraria uma menina e me casaria com ela.
Até que tive uma primeira paixãozinha por um homem. Eu tinha 19 anos e ele era um pouco mais velho, tinha 24. Depois disso eu percebi que sentimentos não tem gênero. E que se eu estava apaixonado por um homem, deveria levar isso em frente. A coisa com o rapaz não deu certo, mas pelo menos serviu pra me mostrar que o mundo gay não era somente sexo. Que era possível admirar um homem, gostar dele, querer estar com ele, fazer carinho, beijar e abraçar.
Aos poucos fui contando para os amigos. Meu maior medo era que eles se afastassem de mim ou que eles passassem a me ver como outra pessoa. Era muito inseguro. Porém, ao mesmo tempo em que fui me resolvendo com relação à sexualidade, fui me tornando também mais seguro. Alguns amigos se afastaram e não os condeno. Nossas cabeças passaram a pensar por caminhos diferentes. Em compensação, outros amigos se aproximaram muito mais e fiz bons amigos gays, que são muito importantes em minha vida.
Já era aceito pelos meus amigos, tinha um grande círculo de amigos gays e já estava com meu primeiro namorado. Mas uma coisa ainda me incomodava: minha família ainda não sabia. Ou pelo menos eu pensava que não sabiam. Na verdade, minha mãe (uma pessoa iluminada, de cabeça aberta e com uma visão muito ampla) já sabia que eu era gay, que eu namorava e reuniu toda a família (meu pai e minhas duas irmãs) preparando o terreno.
Um belo dia, num dos inúmeros términos desse primeiro namoro, num daqueles momentos em que só se quer chorar e ouvir músicas tristes, minha mãe entrou em meu quarto e perguntou na lata: "Você e o fulano terminaram?". Eu, aos prantos, me deitei em seu colo e ela me fez cafuné e falou muito sobre o fim do primeiro amor e sobre os próximos que viriam.
Tive muita sorte de ser aceito pela minha família e meus amigos. Meu ex-namorado frequentava os almoços de domingo aqui em casa, podia dormir em meu quarto comigo e o fato de ele ser um homem nunca importou aqui em casa. Sei de casos (desumanos) em que a família rejeita o filho gay ou prefere que esse assunto seja um tabu em casa. Hoje não escondo de ninguém minha sexualidade. Não participo de nenhum movimento organizado de militância, mas defendo as causas gays, acho importante que isso seja discutido e tento, no que está ao meu alcance, mostrar que ser gay é normal. Que não muda quem você é, o que você faz e o que você sente. O amor é sempre o mesmo e não tem cor, credo, raça, gênero ou orientação sexual.
Meu primeiro crush foi o ator Leonardo Brício, na novela Renascer. Eu tinha 10 anos e sentia uma coisa engraçada por ele, que na época eu não sabia explicar o que era.
6 comment(s) to... “Pablo Moreno - MG”
6 comentários:
Essas perninhas gordas me MATARAM!
Lindo Pablito, Lindo!
Marejei demais na parte que vc fala como sua mãe lhe acarinhou no fim do relacionamento.
=')
Lindo depoimento, a parte de sua mãe é fantastica.
Leonardo Bricio sem comentários o bom é q com ele a gente tem chance. uhuhsuahsuahu
Super bacanaaaaaaaaaa! Mae eh mae mesmo! E lindo demaais a reação dela e como ela lidou com isso! =]
Parabéns. Gostei da vaquinha.
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